sábado, 26 de março de 2011

Borrasca Letal








Ouço as águas revoltas crescendo para nós
Ouço o rufar das vagas que explodem de selvagens
O céu escuro aterrador pinta-nos de penumbra as faces

Os carneiros nas cristas das vagas espumam para o ar
Surgem promontórios de uma força ameaçadora
Que se colam ao céu e escondem o horizonte
Ora s afundam em cavas vertiginosas
O vento salgado e gélido ensopa-nos até à alma

Aproa do nosso vaso… ergue-se por fim e afocinha no azul para sempre
Conforto-me o pensamento de ser o mar a levar-me…
Fico feliz no caos oceânico que me abraça

E por fim em vã glória abandono-me ás profundezas
E agora fui cais que quis ser mar.

António Barata – 1984

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